terça-feira, 27 de maio de 2014

As mudanças que não vemos.





"Aquilo que te prende é exatamente o que te liberta"
Bert Hellinger


Mesmo no suor, secava seu coração. Uma melancolia desenfreada invadia a alma.
Lá estava um corpo, inerte, perdido em vãos desejos...
A sede permanece - estática e paralisante. Uma sede constante, intensa.
Quase desfalecendo... Pulsa em uma plenitude absurda - os poros vertem...
Eterna troca solitária.
Quiçá voltasse a ser o que era - alegria calma.
História breve que cheira a poeira...

Esconde um destino - obscuro - onde folhas sem vida recobrem um caminho sem medida.
Aquela imagem da ventania que molhava o beijo - hoje orvalho tão triste - finalmente te levaria, sem voz, sem tom, sem despertar...
E assim mudar, em horas sem fim, monótona e indecente. Sem verniz, carapaça - um olhar.
Não há disfarce nas mudanças do tempo - transparente e inquieto.
Ancora-se na miragem do fracasso. Mudança que outra vez, é incerta.
É devaneio.

Ing


Este post é parte integrante do projeto “caderno de notas – terceira edição” do qual participam as autoras Ana Claudia Marques, Lunna Guedes, Mariana Gouveia, Tatiana Kielberman, Tha Lopes e Thelma Ramalho.
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terça-feira, 20 de maio de 2014

O passado da minha cidade.

Internet
"Minha alma canta... 
Vejo o Rio de Janeiro!
Estou morrendo de saudades."
Tom Jobin



Sou carioca. Nascida e criada no Flamengo. Na terra quente e calorosa de gente e risos.
Um tempo distante que remete a ares mais limpos com passeios à beira mar.

Poderia aqui escrever e descrever um Rio que ficou na memória dos que o desfrutaram em águas agitadas e maresia noturna.
Ressacas de sal e cerveja preenchiam dias alegres e menos dilacerados pelo desenvolvimento e progresso.
Tudo era mais devagar - sem pressa de chegar. O bonde, as bicicletas, carros menos potentes.
A magia existia no romance, no ar mais fresco que permitia roupas mais elegantes.

Para falar de passado desta cidade maravilhosa, temos que lembrar do preto e branco, dos cafés de elite, chapéu de panamá, do Centro da cidade com todo o seu glamour - Confeitaria Colombo.
Falar dos grandes compositores, da garota de Ipanema...

O carnaval sempre foi o tom do carioca. As grandes Sociedades Carnavalescas desfilavam seus carros enfeitados nas Avenidas centrais com elegância e alegria, sendo esperados por uma multidão fantasiada de cores e sons, na alegria pura e simples.

Algumas coisas marcam mais. Um exemplo é a propaganda para os males da garganta,  divulgada no bonde - "Veja ilustre passageiro o belo tipo faceiro que o senhor tem ao seu lado. No entanto, acredite, quase morreu de bronquite,salvou-o o Rhum Creosotado" - e que fixou-se bravamente na memória dos que se deixavam levar por ele nos trilhos da época.

Hoje, depois de muitos anos, há uma nova cidade.
O bonde luta para fazer parte de um passado que não pode ser esquecido.
O progresso e o desenvolvimento impulsionados pela política e inchaço da população, trouxe a visão do descaso, desleixo, insegurança, e mais de muito que entristece quem ainda ama a cidade que teima em manter-se maravilhosa.

Quem ama o Rio luta por ele. Cuida, faz a sua parte.
E - como "recordar é viver" - vamos em frente!
Muito ainda por vir.

Ing


Internet - Blog do Rafael Peçanha

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terça-feira, 13 de maio de 2014

Escrevo o que ainda conheço.

Internet
Tenho uma vida que nunca vivi - gostaria que fosse mais simples.
Lembranças de raros momentos insanos e plenos - um amar estranho.
Só sentir é mais que brilho - é mais que um pedaço indecente.
Delicadamente te abraço e me levas.
Suspensa no limbo do pesar onde me perdi - quisera fosse mais simples.
A presença em passos leves, respiração ofegante e quente.
Nesta hora a medida de segredos inexiste, uma pequena veia adolescente pulsa.
São sonhos, são dentes, sexo e acidentes.
Orvalho de lágrima que salpica a pele rubra e moribunda.
E eu - longínqua e calada - caio em um fundo poço de delicada névoa.
Debato-me em vão no nada onde agonizo, querendo teus braços para me levantar...
Mas, a tranquilidade me arrebata e soluço alto - um soluço quase grito!
Não quero o pó, a sombra, o desejo partilhado sem sobressaltos...
Seja o desespero da dor, seja o voo que aponta o caminho...
A folha desnudada, em branco, onde vais escrever dos meus olhos..
Pranto sereno ,banal e contínuo. Pleno de momento consumado
Que se deixou ficar em outro tempo.
Tempo que talvez ainda conheça...

Ing

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terça-feira, 6 de maio de 2014

Assim passam os anos...

Melancolia by Mabahe





 “Cada segundo que passa
é como uma porta
 que se abre
para deixar entrar
o que ainda não sucedeu.”
José Saramago




Um dia quente de preguiça "boa"quando somos novos - porque não nos preocupamos com nada - apenas com o som da música se fazendo ouvir junto aos ouvidos...

Quando menina eu amava os dias de calor... até mesmo quando despencava a chuva forte no final da tarde alagando meu coração.Dizia-se naquele tempo que os encontros de verão eram antes ou depois da chuva...

Eu amava aquelas "pancadas" de chuva,pois havia a possibilidade, de em se estando sozinha - esquecer de me esconder dos pingos grossos que enchiam o ar... e lá ia eu pelos caminhos molhada...

São lembranças que percorrem minha memória como flashes a iluminar o tempo como se fosse possível registrar tudo de novo pela objetiva da câmera... relembrando certos momentos - como se tudo tivesse acontecido ainda há pouco - a infância, a adolescência, as descobertas e os amores... sentindo novamente o cheiro fresco do colo de mãe, do café da avó, do perfume do pai, do abraço dos irmãos que cresciam tão rapidamente quanto eu...

Particularmente, eu tenho pouca memória de fatos... algumas coisas me escapam, mas eu percebo sons e cheiros no ar... Ouço uma música e viajo de encontro a um tempo que ficou para sempre aqui dentro de mim... deve ser porque fiquei de pé pela primeira vez ao som de Coro dos Ferreiros da Ópera Il Trovatore de Verdi - claro que isso é memória emprestada - foi como minha mãe, cantora lírica, disse que aconteceu... É certo dizer que vem de "berço" o gosto pela música.

Os anos passam... ficam as lembranças de muito e por vezes de nada. Noites longas e frias. Carinho e tranquilidade. Mudanças, loucuras e fracassos... de certo que ainda há muito por vir e, eu desejo que venha... O tempo não incomoda meus pensamentos, apenas se aninha em minha pele!

Ing


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revisado por Lunna Guedes.

sábado, 3 de maio de 2014

Do querer...

Internet - Retratos da Alma





Não basta uma vida. Um amor
...um sim ou um não!
Não basta uma crença. Um entardecer
Uma despedida - um desafeto!
Não basta um desalento
Estar desatento!

Não quero uma vida mal vivida
Um amor meio quente - nem sim - nem não!
Não quero crenças frágeis. Um entardecer só,
Nem despedidas chorosas!
Não quero desafetos sem motivo...
Desalentos sem fim - nem a desatenção fútil!

Quero estar ancorada,
...em fortes raízes,
O amor de sempre.
Estar abertamente frágil

Quero desenhar o entardecer que envolve
Despedidas que voltem, afetos
Quero sim e não e, que a vida
...me leve em sua paixão!

Ing

Publicado originalmente em Retratos da Alma
http://retratosdaalma.com.br/